E não é que a Estação Paulista fica na Consolação e a Consolação fica na Paulista?! Pois é, porque assim é a Avenida Paulista, plagiando Caetano, o avesso do avesso, do avesso, do avesso.
Só que ao contrário do Narciso de
Caetano quem encara a Paulista frente a frente sempre vê o seu rosto,
paulistanos, gaúchos, japoneses, chineses, argentinos, ingleses, americanos, baianos,
brancos, negros ou coloridos. É impossível não se reconhecer na Avenida símbolo
de São Paulo, na avenida sinônimo e antônimo de trabalho. A avenida onde os
mudos ganham vozes, as caras pintadas ganham cores e os excluídos a liberdade.
A minha, a sua, a nossa Paulista,
a avenida dos contrastes onde os gays se beijam e os homofóbicos ferem, onde os
ciclistas pedalam e morrem por suas bicicletas, onde os carros param e o metrô
flui. A avenida onde o ano termina e começa em São Paulo.
Ela sente o que os paulistanos
sentem, se choramos ela chora conosco, se estamos felizes é pra lá que nós
vamos, mas se queremos protestar também vamos para lá, mas é também onde
paramos, só pra apreciar a beleza da criatividade humana ou só para sentir o espírito
do Natal a nos tocar.
Se São Paulo um corpo fosse a Paulista
dela seria seu coração! Assim como no coração é nela que a vida pulsa, mas assim
como acontece com o coração no corpo humano também se ela parar de pulsar, se a
sua energia acabar, a cidade morre, morremos todos. Por isso toda vez que eu
passo por lá eu deixo um pouquinho da minha energia nela, não que eu vislumbre
um futuro ruim, mas eu cuido do meu coração!